 |
Centro Histórico de São Luís, 1908 Créditos da Imagem: Minha Velha São Luís
|
Levanto
cedo, café na mesa. Adeus, esposa, vou trabalhar. Na beira mar, azul, sol,
maresia. Horizonte belo, maré, sobe, desce. Agora pode navegar.
Chego
a Casa das Tulhas clientela espera. Mercadoria já exposta, peixe seco, mel de
abelha, doce em espécie, ervas afrodisíacas, camarão, artesanato de qualidade.
Produtos de primeira, atendimento com dedicação.
Chega
o fim de tarde, o sol vai embora e a lua anuncia a noite. Luminárias brilham, o
povo se movimenta pelas ruas. Tambores aquecidos, mulheres pungam sob luar. Lua,
serestas, bailes, reggae. Ruas, suas lendas e mistérios, pedras de cantaria.
Casarões, janelas, mirantes, fontes, torres, igrejas e sobrados.
Turistas
do Rio, São Paulo, Franceses, Italianos, vem de lá pra conhecer os encantos da
terra. Vão, voltam, outros não voltam. Dizem que o amor encontram cá. Se
encantam pela sua história, admiram sua gente.
Na
Casa das Tulhas, movimento frenético. Rapaziada chega, pede, bebe. Dizem oh meu
mais uma dose por favor! Uma, duas, três, a vitamina meu chefe. Aqui conheço
pouco da história de cada, conheço pessoas das mais diversas, branca, preta,
aqui todos são iguais, só querem diversão.
Óh
minha cidade tão mal cuidada. Casarões, sobrados em ruínas contam história e mistérios
que o tempo não tombar. Esgoto jorrando pelas estreitas ruas, buracos vandalismo mancham o patrimônio seu, meu, nosso. Problemas enfrento dia a dia. Banheiro sem
manutenção, infiltrações, lixo no chão. Mas pergunta se perco a fé meu irmão?
Perco não meu patrão!
William CCosta
*Texto produzido a partir de uma entrevista com Raimundo"Seu Batista" comerciante da Casa das Tulhas, Centro Histórico de São Luís.